Como não moro mais na cidade em que morei a vida toda, volta-e-meia alguém pergunta pra minha mãe de mim.
- Ela tá bem! Tá dando aulas de japonês e fazendo patchwork lá no Rio.
- Ahn... Que coisa, né, estudou tanto e agora teve que ir atrás do marido... e tá lá, dando aula... e de japonês... (o patch nem entra na conta, percebem?)
Outro dia minha mãe me contou um destes episódios, disse que lembrou do que escrevi sobre a (não)valorização do magistério (se quiser ler, tá aqui) e que nem tentou explicar, porque "sabe, Harumi-tian, deixa as pessoas acharem isso mesmo, enquanto você vai ficando bem feliz!"
Gostei deste ponto de vista!
Conversei com uma amiga sobre isso e comentamos que o brasileiro ainda acha que o 'ser bem sucedido' é viajar bastante a trabalho, ficar no escritório e ter mil reuniões. Não, não estou querendo fazer uma apologia ao 'fazer nada da vida', mas não acho que seja este o termômetro de se medir o sucesso, é?
Outro dia na aula, o meu aluno japonês disse que lá (no Japão), há dois tipos de profissionais: os que trabalham pelo dinheiro e os que gostam do que fazem. O segundo tipo é o mais valorizado. A sociedade condena e vê de forma não muito boa o primeiro. Eu disse que isso está mudando aos poucos no Brasil: cada vez mais se fala em trabalhar com prazer. Ele me disse que entende, pois o Brasil é um país que está se tornando mais desenvolvido e por isso a mudança de pensamento. Será?
Na minha época do vestibular, depois de três anos sem passar, falei pro meu pai que tentaria outro curso qualquer, mais barato, na universidade particular. Meu pai me disse que era pra eu fazer o que queria e não sacrificar isso por um punhado de dinheiro. A gente daria um jeito. E olha que o punhado não era tão pouco assim. Fiquei feliz na época e ainda fico quando lembro disso.
Por outro lado, dá pra entender o comentário do começo desta postagem. Afinal, eu demorei pra entrar na faculdade, fiz um aperfeiçoamento no Japão, acabei o mestrado e estava trabalhando para caramba em Curitiba, pra acabar assim, dando aula de japonês. Não é justo, né?! (Só posso rir.)
Confesso que no começo de vida aqui, fiquei relutante em fazer patchwork. Afinal, eu era uma mestra!! Não queria jogar isso tudo fora. E sabem? Não joguei! Eu percebo que uso tudo o que vivi nas coisas que faço hoje, de uma forma ou de outra. E a vida é tão surpreendente e a gente nunca sabe o que está por vir pra afirmar qualquer coisa!
Cada vez que conversamos sobre os rumos da nossa vida ou quando fico chateada com alguma coisa da escola, marido diz:
- Mas é o que você gosta de fazer! O jeito que você fala das aulas e até quando fica indignada confirmam isso!
Acontece o mesmo quando 'empaco' com algum produto que estou costurando e não fica do jeito que eu quero. Preciso dele (do marido) pra entender que é isso mesmo! Que não estou desperdiçando a minha vida!
E quando páro pra pensar, percebo que sempre vi meus pais fazendo o que gostam. Claro que a vida não é fácil, sempre rolavam reuniões familiares quando algum presidente lançava um plano econômico diferentoso. E olha que eles nem eram profissionais liberais como eu...
Hoje, eu e meus irmãos trabalhamos, contamos as moedinhas no final do mês pra pagar as contas, mas não temos medo de lutar e de nos divertir, principalmente.
E acho que é isso: o mais importante é poder sorrir no final do dia, de alguma forma.
Se a conta bancária ou a quantidade de horas em reuniões é que proporciona isso, ótimo!
Pra mim, é poder passar o pouco que sei pros outros, tagarelar (aqui ou em qualquer lugar, hehehe), poder ver o sorriso dos clientes e dos alunos no final de um dia de trabalho.
Se a conta bancária ou a quantidade de horas em reuniões é que proporciona isso, ótimo!
Pra mim, é poder passar o pouco que sei pros outros, tagarelar (aqui ou em qualquer lugar, hehehe), poder ver o sorriso dos clientes e dos alunos no final de um dia de trabalho.
E você, que está lendo toda essa divagação, o que acha?
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# colocando o link da matéria que a yoko indicou: fala sobre as diferenças entre homens e mulheres, o que cada um prioriza na vida e no trabalho. muito bom!! Aqui