segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Essa é aquela lá?

Depois de acabar com a nossa birra com a cidade de Cunha e começar a tão almejada viagem pela Estrada Real (falei sobre isso no post anterior), passamos o resto da semana trilhando por estradinhas de terra, admirando paisagens bucólicas e nos encantando com as cidades e o povo do interior mineiro. Sempre que podíamos tentávamos travar algum contato com o pessoal nativo, seja parando em algum botequinho de beira de estrada, seja pedindo informações sobre a estrada, e nos divertimos muito com o jeitim deles. E, claro, tem uma historinha digna de ser publicada neste blog. :-)
estradinha em algum lugar do interior de Minas, seguindo os marcos da Estrada Real.
No meio de uma manhã ensolarada, depois de uma noite inteira de chuva torrencial, estávamos em uma estradinha não-asfaltada, com pasto a perder de vista. Eis que avistamos um senhorzinho de setenta e muitos anos, vindo a pé, em nossa direção. Marido falou:
- Vamos perguntar pra este tiozinho! Ele deve conhecer esta estrada!
E, abaixando o vidro:
- Com licença, esta estrada vai para a cidade tal?
O senhor se aproximou do carro, se apoiou no vidro aberto, como se fosse nosso velho conhecido, e abriu um grande sorriso sem dentes. E falou em um típico mineirês de roça:
- Óia, vai pra lá, sim. Mas a estrada num tá muito boa, não. Ali na frente, o fuca do Darci num passô, não.
- É mesmo? Mas onde o fusca do seu Darci atolou é no caminho pra cidade tal? 
- Óia, o fuca do Darci num passô, não!
O homem recuou dois passos, deu uma boa olhada na Tereza.
- Ah, mas este carro grandão deve di passá. É, o seu passa, mas o fuca do Darci num passô, não!
- Pôxa, então, se eu encontrar o seu Darci, vou tentar ajudá-lo.
- É, o fuca do Darci ficô lá.  (...) Ei, essa aí é aquela lá?
Falou o homem, como que confidenciando para Marido, olhando fixamente pra mim, como se eu não pudesse ouvi-lo ou entendê-lo àquela distância.
- Aquela lá? Como assim? (...) Ela é diferente, né? É bonita, não é?
Disse Marido, tentando ganhar tempo para entender o rumo da conversa.
- Essa é aquela lá? Aquela que mora lá em cima?
- Que mora onde?
- Aquela! Lá de cima! Perto do Rogério! Aquela que comprô a casa perto do Rogério!
- Não, acho que não é não...
- Ela é igual àquela lá! Veio uma moça, de São Paulo, e comprô inda esses dias a casa lá do lado do Rogério! É igual memo!
- Não, não deve ser a mesma. Essa não é de São Paulo. E nós não somos daqui, estamos de passagem  indo pra cidade tal.
- Ah, tá! Mas cuidado que o fuca do Darci ficô preso lá!
- Muito obrigado, senhor!
E assim, seguimos viagem, rindo muito da conversa e tomando cuidado para não ficar preso lá. No final, acho que pegamos outra direção em alguma bifurcação, pois não passamos pelo fusca do seu Darci. Ou ele conseguiu sair de lá antes de chegarmos! :-)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Parati-Cunha

Era uma vez, um casal (nós) que gostava muito de Parati. Um dia, no fim de semana de passeio pela cidadezinha, resolveram conhecer os arredores. Ouviram dizer que a estrada Parati-Cunha era uma subidinha de terra e de difícil acesso. 
- Oba! A gente gosta de aventura!
Mas o carrinho mil, alugado, não compartilhou da nossa animação e não subiu as pedras molhadas da chuva da noite anterior. 
-Bem, não sabemos o que há em Cunha, mas que ainda vamos subir esta estrada, ah, isso vamos!

Dois anos se passaram, nêga Tereza entrou para a família e a vida off road* deste casal (nós) estava indo muito bem, obrigada! Eis que chegam os dias de feriazinhas e o casal resolveu pegar estrada! 
-Vamos descansar uns dias em Parati?
-Oba! Vamos! E, já que queremos procurar a tal Estrada Real, vamos almoçar em Cunha (início do Caminho Velho)?
- TEMOS QUE IR!!!
E assim foi o começo de férias em família:
parada para a pose, após a primeira subida, embaixo da pedra que parece invadir a estrada
pose no primeiro marco encontrado da Estrada Real

cachoeirinha no meio do caminho, já na parte asfaltada
paradinha para o pastel, barraca famosa entre jipeiros
Chegamos em Cunha, fomos ao Mercado Municipal, compramos a cerveja artesanal da cidade, a Wolkenburg (uma delícia!), e almoçamos em um restaurantezinho de comida caseira deliciosa.
E acabamos com a nossa birra com a cidade, nos divertimos e voltaremos qualquer dia desses!! \*Ü*/

* quer saber das nossas aventuras off road? clica na tag 4x4

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Janelas

Eu adoro janelas!!
Cada uma tem uma cor, uma textura, uma história.
Muitas vidas que se desenrolam do outro lado delas.
Às vezes as janelas se abrem , às vezes elas permenecem fechadas.
À noite, elas se iluminam e muitas vezes revelam o seu interior.
Alegrias, quantas alegrias naquela sala, quantos  jantares em família, quantas reuniões de amigos... Quantos sonhos são discutidos ali.
Eu ando na rua e fico imaginando a vida do outro lado das janelas.
Janelas de Parati


* Vocês repararam na foto do meio? Tem um crochê na parte de baixo da janela, para evitar olhares bisbilhoteiros, como o meu! Além de funcional, fica fofo, não? Eu vi isso em Tiradentes também, olha só:
Crochê na janela em Tiradentes.